segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cientistas apresentam estudo sobre Código Florestal

Esta tarde, em Brasília, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; o engenheiro agrônomo Elibio Rech, da Embrapa, representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC); o diretor da SBPC, José Antonio Aleixo da Silva; e o agrônomo Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPA), deram uma entrevista coletiva.

A ocasião foi a divulgação de um relatório sobre o Código Florestal, fruto de quase um ano de trabalho, na forma de um livro intitulado "O Código Florestal e a Ciência, Contribuições para o Diálogo".

Em resumo, os cientistas condenam o relatório de Aldo Rebelo, e pedem o adiamento da votação por dois anos para que se possa "propor uma lei moderna, e não uma que já se sabe estar errada".

"O projeto não pode ir a votação agora, não vai ser bom para o Brasil,
e a ciência não está calada"

~ Helena Nader, presidente da SBPC

Um dos pontos realçados no relatório é a redução das Áreas de Proteção Permanente (APPs), atualmente de 30 metros, às margens dos rios mais estreitos. Os cientistas apontam que, somadas, as APPs representam apenas 7% da extensão das propriedades rurais do Brasil.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), confirmou a votação do projeto nos dias 3 e 4 de maio como estava previsto, e afirmou que mudará a data de votação apenas se houver um movimento majoritário pelo adiamento.

Clique na imagem para abrir ou salvar o livro em .pdf:

livro O Código Florestal e a Ciência; relatório dos cientistas da ABC e SBPC sobre a PL 1876/99

4 comentários:

GEASA disse...

Meuuu... uma verdadeira reafirmação de que nossos biomas estão pouco protegidos pelo atual código florestal, e que a reforma só desprotegerá ainda mais. Espero que o pessoal da política leia com atenção "O Código Florestal e a Ciência, contribuições para o diálogo"!
Algo que toca a soberania, como é o caso do código florestal, não deve ser decidido no consenso muito menos atendendo interesse de alguns particulares.

Cristina disse...

Olá Mari Lee. Meu trabalho foi de cunho dissertativo e expus a ótica ambientalista quando disse que para os tais seria um retrocesso a aprovação do Novo Código Florestal. Sou produtora rural e quis deixar explícita a minha opinião. Acredito que é possível produzir e preservar, mas está impossível com a atual legislação porque ela gera uma insegurança jurídica muito grande além de criminalizar 90% dos produtures rurais.
Tenho que ler o relatório para comentá-lo depois. Em primeira instância critico a demora da comunidade científica em apresentá-lo pois O Novo Código Ambiental já foi amplamente discutido e só agora apresentaram um estudo e pedem mais dois anos (!) para discussões.
A verdade nua e crua é que não abrindo novas áreas para plantio e diminuindo as que já existem é óbvio que diminuirá a produção de alimentos sendo que a demanda mundial só cresce. Ser ecologicamente correto também é ser socialmente justo. Impedir que se aumente a produção de alimentos e, consequente, promover a fome é muito mesquinho e só posso ver interesse econômico por trás disto.

Cristina disse...

Se você deseja realmente proteger a natureza deveria também protestar contra o INCRA que é quem mais desmata no Brasil. Áreas de assentamento do MST e reservas indígenas são constantemente desmatadas.
Leia: http://diariodositio.blogspot.com/2011/04/obra-do-minha-casa-minha-vida-no-am.html
Seja socialmente justa, veja de todos os ângulos, inclusive da população que mais do que nunca hoje tem acesso à comida barata e de qualidade.

Mari Lee disse...

Cristina, que você quis deixar explícita a sua opinião no texto ficou óbvio.
Nada de errado nisso. Aliás, opiniões diversas são bem-vindas aqui (como o seu comentário).
Mas achei errado você colocar no título de seu texto "duas óticas", começar o texto falando de duas óticas, e expor apenas uma
(e escrever que os ambientalistas que consideram a aprovação da proposta um retrocesso "fazem uso de falácias enquanto deveriam ser mais científicos" não é expor a ótica deles, pelo contrário, foi desrespeitoso).
Além disso, espero que agora tenha ficado claro pra você que há, sim, critérios científicos para criticar a proposta.

Os cientistas já haviam criticado a proposta há mais de um ano, antes mesmo de o texto do deputado Aldo Rebelo ser votado na Comissão Especial, e em agosto do ano passado cientistas de várias áreas (inclusive especialistas em produção rural da Embrapa) já haviam apresentado trabalhos a respeito. Você pode ler mais sobre isso em postagens mais antigas aqui do blog, com o marcador "Código Florestal".
O problema é que parlamentares com interesses pessoais (é só olhar uma outra postagem, na qual divulgo denúncia do Correio Braziliense, de que 23 parlamentares cometeram crimes ambientais e têm interesse na aprovação do Novo Código) vêm fazendo lobby em Brasília e ignorando os avisos dos cientistas.

Agora, "promover a fome" foi apelação, hein?

Ah, o link do seu texto, caso algum outro leitor queira saber por que estamos discutindo: http://diariodositio.blogspot.com/2011/04/novo-codigo-florestal-um-objetivo-sob.html