quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Voto nulo

Sei que tenho muitos amigos que discordam, mas esta é a minha opinião:

voto nulo não serve pra nada

Na verdade, o voto nulo pode ser ainda pior que isso.
Mesmo que nenhum dos candidatos seja o ideal, mesmo que todos sejam ruins, sempre haverá um pior, que representa o interesse de uns poucos em detrimento da maioria da sociedade, e pode ter certeza de que esses poucos não vão anular o seu voto.
Se os eleitores mais preocupados com o bem comum anularem seus votos, só os piores políticos serão eleitos!

Voto nulo, não!
Voto consciente, sim!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

67 anos da bomba atômica

relógio que parou no momento da explosão da bomba atômica em HiroshimaÀs 8:15 da manhã do dia 6 de agosto de 1945, um grande clarão iluminou e varreu a cidade de Hiroshima, no Japão.
Era Little Boy, a primeira bomba atômica.
A temperatura do ambiente foi de 26 graus centígrados para cerca de 4mil graus.
Cerca de 100.000 homens, mulheres e crianças morreram no momento da explosão. Muitas, literalmente, evaporaram. Outras dezenas de milhares morreram nos meses e anos que se seguiram, em conseqüência de queimaduras e efeitos da radiação. O governo lista um total de 275.230 vítimas fatais.

À direita, um relógio que parou no momento da explosão.

Três dias depois, os americanos lançaram outra bomba atômica, na cidade de Nagazaki.

Eu tinha uns oito anos quando li uma reportagem sobre a bomba de Hiroshima, e fiquei traumatizada.
Era incompreensível - e ainda é! - que alguém fosse capaz de fazer isso com outras pessoas. E era assustador - e ainda é! - que armas assim ainda existam, que genocídios continuem acontecendo, e que o sofrimento de tanta gente seja invisível para tantas outras.

Em 2010, eu tive a oportunidade de passar duas semanas no Japão, e fui a Hiroshima.
Hoje, a cidade-símbolo da destruição da guerra é também um símbolo de paz e de renascimento.

foto aérea de Hiroshima, em julho de 2000
Foto aérea de Hiroshima, em julho de 2000, com a ponte Aioi,
alvo para o lançamento da bomba, ao centro (a ponte em forma de T).
Do site do Museu Memorial da Paz de Hiroshima
(as outras fotos nesta postagem são todas minhas)

Parque da Paz em Hiroshima
Parque da Paz em Hiroshima, com a Chama da Paz ao centro e o Museu Memorial da Paz ao fundo.
Abaixo, detalhe da Chama da Paz


A Chama da Paz foi acesa em agosto de 1964, e permanecerá acesa "até o dia em que todas as armas nucleares forem banidas da Terra" (provavelmente para sempre, apesar do discurso esperançoso que o prefeito de Hiroshima proferiu hoje).

maquete de Hiroshima antes da bombamaquete de Hiroshima depois da bomba
Maquetes do centro de Hiroshima antes e depois da explosão de 1945, no Museu da Paz

Domo da Bomba Atômica de Hiroshima antes da bomba (maquete)Domo da Bomba Atômica de Hiroshima
Detalhe da maquete (à esquerda): o Mercado Municipal (hoje Domo da Bomba Atômica)
À direita, o que sobrou dele

Outros ângulos do Domo:

Domo da Bomba Atômica de HiroshimaDomo da Bomba Atômica de Hiroshima
Domo da Bomba Atômica de HiroshimaDomo da Bomba Atômica de Hiroshimagarça no Domo da Bomba Atômica de Hiroshima

foto de Hiroshima destruída após o lançamento da bomba atômica
Foto de Hiroshima arrasada pela bomba atômica, com o Domo ao centro:
o que até então era uma cidade virou somente escombros

Todos esses prédios, pontes e ruas tinham pessoas que iam para o trabalho, para a escola, brincavam, tomavam café da manhã, esperavam o ônibus... e no instante seguinte não existiam mais, ou seus corpos estavam cobertos de queimaduras. Muitas das vítimas eram adolescentes, que não tiveram aula naquele dia e trabalhavam demolindo algumas casas para evitar que, no caso de um bombardeio, o fogo se espalhasse.
O Museu da Paz exibe objetos pessoais (como roupas queimadas, lancheiras com o conteúdo carbonizado, e relógios parados, como o que está no início desta postagem) e conta a história de algumas dessas milhares de pessoas. Muitos desses objetos e histórias podem ser vistos no site do museu. Um objeto que me impactou, pessoalmente, foi o triciclo de um garotinho de três anos que brincava no quintal de casa no momento da explosão. Ele sofreu queimaduras graves, e morreu três dias depois.

Muitos dos que sobreviveram à bomba adoeceram e morreram muitos anos depois em conseqüência de doenças causadas pela radiação.
Foi o caso da vítima mais famosa da bomba, Sadako Sasaki, que tinha apenas dois anos de idade quando a bomba explodiu. Ela estava dentro de casa com a família e não sofreu ferimentos graves, apesar do impacto da bomba a ter lançado para longe da janela.
Sadako foi diagnosticada com leucemia aos doze anos de idade, e os médicos declararam que ela teria poucos meses de vida.
Segundo uma lenda japonesa, a cegonha ou tsuru vive mil anos e tem o poder de conceder desejos. Quem fizer mil tsurus em origami terá um desejo atendido. (veja aqui como fazer tsurus em origami)
Enquanto estava internada no hospital, Sadako passou a fazer tsurus com a esperança de que, ao completar mil, estaria curada. Segunda uma versão de sua história, ela teria completado os mil pássaros e seguido fazendo mais ao ver que não estava curada. Segundo outra versão, Sadako teria dobrado apenas 644 antes de morrer, em 25 de outubro de 1955, e seus colegas de escola teriam dobrado os 366 tsurus restantes.
Após a sua morte, seus colegas arrecadaram fundos e construíram um monumento no Parque da Paz em homenagem a Sadako e a todas as crianças vítimas da bomba atômica. Na base do monumento, estão gravadas as palavras: "Este é o nosso grito. Esta é a nossa oração. Paz na terra".

Monumento em homenagem a Sadako Sasaki e às crianças vítimas da bomba atômica, no Parque da Paz, Hiroshima
Monumento em homenagem a Sadako Sasaki e às crianças vítimas da bomba atômica, no Parque da Paz, Hiroshima

Sadako Sasaki e o tsuru tornaram-se símbolos da paz conhecidos no mundo inteiro.
O Parque da Paz exibe tsurus enviados por pessoas de vários países:

Tsurus de origami em homenagem às vítimas de HiroshimaTsurus de origami em homenagem às vítimas de Hiroshima
Todos trazem o mesmo desejo: que nunca mais aconteça.

Castelo de Hiroshima A cidade foi reconstruída. Hoje é uma metrópole com mais de um milhão de habitantes, arranha-céus, trânsito e shopping centers.
O rio, que a reportagem que li 20 anos atrás contava estar cheio de cadáveres das pessoas que buscavam alívio para a dor das queimaduras, está hoje cheio de peixinhos e camarões; cheio de vida.
O Castelo de Hiroshima (à direita), ao redor do qual a cidade cresceu, no século XVI, foi reconstruído tal como era antes.
Poderíamos nos esquecer do que aconteceu no dia 6 de outubro de 1945, e pensar que ele sempre esteve lá, imutável.

Mas o Domo e o Parque da Paz não nos deixam esquecer.
É preciso lembrar da luz, do fogo, dos escombros, das crianças. Que o sofrimento daquelas pessoas e de suas famílias nunca seja esquecido, e sirva de lição para a humanidade!



Eu disse acima que a Chama da Paz deve ficar acesa para sempre. Espero que provem que eu estou errada.

Paz!