
"Quando chegamos lá, a comunidade do Tomé nos falou de um problema que era a pulverização aérea de agrotóxicos, especificamente no cultivo da banana, com fungicidas que são muito tóxicos e persistentes no meio ambiente. E essa pulverização atingia também as comunidades, já que as empresas foram instaladas justamente onde já havia muitas comunidades há muitos anos. Eles fizeram relatos de que as roupas que eles lavavam ficavam com cheiro de veneno no varal, que galinhas morriam e crianças passavam mal", relata a pesquisadora.
O Diário do Nordeste denunciou, em 2008, que os casos de câncer em Limoeiro do Norte estão muito acima da média nacional (até o ano de 2007, média aproximada de um caso de câncer para cada 300 habitantes), e houve pelo menos três mortes de trabalhadores rurais por envenenamento desde 2006.
Diante das denúncias, o grupo Tramas fez um acompanhamento da pulverização aérea em 2008 e 2009, e verificou contaminação da água da região pelos mesmos agrotóxicos pulverizados, entre outros.

Agrotóxicos são a causa da mortandade.
Em novembro de 2009, graças à mobilização das comunidades, a Câmara de Vereadores de Limoeiro do Norte aprovou uma lei proibindo a pulverização aérea, dez meses depois que a União Europeia havia proibido esse tipo de pulverização.
Entretanto, as empresas reagiram fortemente, falando do prejuízo que teriam sem a pulverização, e em uma sessão realizada, segundo Raquel, "às escondidas", a Câmara de Vereadores de Limoeiro revogou a lei anterior e a pulverização aérea voltou a ser permitida na região.

José Maria denunciou a contaminação da água por agrotóxicos e combatia a pulverização aérea. Ele foi assassinado em 21 de abril de 2010, com 19 tiros.
Ninguém foi preso.
Outras regiões do Ceará também têm tido problemas com a pulverização (vide notícia Pulverização de agrotóxicos causa morte de gados e aves em Paraipaba, de 01/02/2011, no Ceará Agora).
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Infelizmente, o assassinato de pessoas que lutam pelos direitos humanos e pelo meio ambiente, contrariando interesses particulares, é algo comum no nosso país.
No dia 12 de fevereiro, o assassinato da missionária Dorothy Stang completou 6 anos.
A região continua um cenário de faroeste. Madeireiros invadem o terreno dos agricultores, cortam árvores ilegalmente, e quem denuncia é ameaçado de morte. Há menos de um mês, a revista Carta Capital publicou um artigo intitulado "Continua tensa a situação em assentamento onde morreu missionária".
Em dezembro de 2008 foi assassinado o seringueiro e ambientalista Chico Mendes.
Muitos outros, anônimos, já foram mortos covardemente em nome do lucro individual de fazendeiros e empresários.
Infelizmente, é provável que muitos ainda serão.
E todos sabemos o porquê:

Resume bem a maneira como as grandes empresas lidam com qualquer polêmica, não?
(não deixe de ver o documentário "O mundo segundo a Monsanto"!)
"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora, percebi que estava lutando pela humanidade."
~ Chico Mendes
Cuando los Ángeles Lloran - Maná
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