sábado, 8 de outubro de 2011

O DNA de Bin Laden

Por Drauzio Varella, publicado hoje na Folha; vi no Conteúdo Livre
No Paquistão, 150 mil crianças por ano morrem de doenças que seriam prevenidas por vacinação

Neste sábado, caro leitor, vou contar uma história que parece mentira. De início, deixo claro que dela tomei conhecimento através de duas fontes dignas de crédito: a revista "Science", publicação oficial da Academia Americana de Ciências, e o jornal inglês "The Guardian".

Obstinadamente empenhada na caça a Bin Laden, a U.S. Central Intelligence Agency (CIA) elaborou um plano que nada fica a dever à melhor ficção científica.

A agência havia recolhido indícios de que o homem mais procurado do mundo viveria pacatamente com os familiares em determinada área da cidade de Abbottabad, no Paquistão, mas desconhecia o local exato, informação necessária para que o grupo de elite, conhecido como Seals, montasse a estratégia para o ataque final.

Segundo o "Guardian", para executar o plano, os agentes da CIA contaram com a ajuda de um colaborador paquistanês, o médico Shakil Afridi, funcionário graduado do serviço público, hoje preso em seu país por haver se mancomunado com agentes estrangeiros no complô descrito a seguir.

Em março deste ano, com a colaboração do doutor Afridi, técnicos de saúde anunciaram uma campanha de vacinação gratuita contra a hepatite B. Para disfarçar o verdadeiro objetivo da empreitada, o programa foi iniciado num dos subúrbios mais pobres de Abbottabad.

Depois de administrar a primeira dose da vacina para os habitantes daquela área suburbana, os técnicos transferiram os equipamentos para uma clínica situada em outro bairro da cidade, justamente nas vizinhanças do local em que supunham encontrar Bin Laden.

A intenção não era simplesmente bisbilhotar as casas em busca daquela em que morava o homem procurado. O plano era mais complexo.

O que os agentes americanos pretendiam era que as enfermeiras encarregadas de aplicar a vacina em seguida colhessem amostras de sangue das crianças. De posse delas, seria feita a separação do DNA para compará-lo com aquele obtido de uma das irmãs de Bin Laden, morta na cidade americana de Boston, em 2010.

Dessa forma, esperavam identificar o DNA de um dos filhos do inimigo para chegar com certeza ao endereço do pai.

É provável que o complô tenha tido êxito, porque as enfermeiras encarregadas de administrar a vacina nos domicílios e colher sangue das crianças obtiveram permissão para entrar na área dos empregados que trabalhavam na residência do homem-alvo.

A esta altura, leitor cético, você estará imaginando que a "Science" e o "Guardian" aceitaram como verdade uma versão fantasiosa, simplesmente porque os seres humanos são dotados de uma boa vontade incrível para acreditar em complôs. Em especial, quando envolvem serviços secretos como a CIA, terrorismo internacional e países exóticos.

Está enganado; o próprio governo americano confirmou os fatos através de um comunicado à imprensa: "A campanha de vacinação foi parte de uma caçada ao maior terrorista do mundo, nada além disso. Foi uma vacinação verdadeira conduzida por profissionais da área médica. Esse tipo de ação não é realizado pela CIA todos os dias".

A Organização Mundial da Saúde, a Unicef, a Cruz Vermelha Internacional e os Médicos sem Fronteiras protestaram veementemente contra o uso de serviços médicos para uma população necessitada com finalidades militares.

No Paquistão, morrem de doenças que seriam prevenidas por vacinação 150 mil crianças por ano. A suspeição e a desconfiança dos paquistaneses em relação aos países ocidentais agravam o problema.

Em 2007, clérigos extremistas muçulmanos lançaram rumores de que as vacinas contra a poliomielite oferecidas à população tinham o propósito de disseminar a Aids e esterilizar meninas muçulmanas. Como resultado, 24 mil famílias se recusaram a vacinar os filhos, e algumas clínicas foram depredadas.

As organizações citadas estão trabalhando com os governos locais para reforçar entre os habitantes a importância e a segurança da imunização.

Sophie Delawney, diretora-executiva dos Médicos sem Fronteiras, resume o que penso a respeito desses acontecimentos: "Existem regras que devem ser obedecidas mesmo durante as guerras. A ética médica é universal".

7 comentários:

Luiz disse...

Mari Lee, venho aqui para responder o seu comentário sobre a propaganda da "Hope". Caso ache inadequado ode apagar o comentário.

Essa discussão sobre a liberdade de expressão precisa ser mais ampla. Não dá para se apegar a critérios demasiadamente subjetivos para decidir sobre conceitos e opiniões. Para ser sincero, sou defensor da ampla e irrestrita liberdade de opinião. Mesmo as estúpidas.

Sou judeu e já li muitos livros anti-semitas por ai. Talvez o mais famoso escritor anti-semita seja Shakespeare (Leia o "Mercador de Veneza") mas acharia uma atrocidade sem tamanho sair por ai queimando os livros dele. Para ser sincero eu defendo inclusive o direito de publicarem o Mein Kampf (Este livro só não é publicado atualmente porque o Estado da Baviera comprou os direitos autorais do livro e proíbe sua reprodução. A apreensão desse livro se enquadra portanto em pirataria. Em 2016 pelas leis autorais ele será domínio público e esse é um assunto que mobiliza a comunidade judaica no mundo e o governo alemão), apesar de querer ver o mundo completamente livre do nazi-fascismo, por razões óbvias.

Se a propaganda da Gisele sobre calcinha é boa cabe aos consumidores decidirem. Não gostou. Desliga a TV. Não compra o produto. Escreva textos em blog. Organizem passeatas. O que eu não concordo é com as pessoas defendam que a Ministra das Mulheres tenha o direito de tirar do ar tudo aquilo que ela julga que é inapropriado. E ela fez sim pressão para o CONAR para tirar a propaganda do ar. Isso para mim é intromissão indevida do governo.

Vou te dar um exemplo. Morei na Alemanha durante meu doutorado. Voltei de lá ha pouco tempo. Os germânicos também tem lá um Ministério das Mulheres no governo conservador de Angela Merkel liderado pelos Democratas Cristãos. É um direito do governante montar a estrutura que ele quiser. O diabo todo é que a ministra das mulheres de lá, a Frau Schröder, defende idéias diametralmente o opostas as defendidas pela Senhora Iriny Lopes. Na opinião da ministra dos assuntos femininos alemã, as mulheres devem ficar em casa cuidando da família, da casa e dos filhos. Isso foi pauta de campanha. Os Democratas Cristão ganharam com esse discurso. Não enganaram ninguém. E aponta possíveis vantagens disso (Na opinião deles. Isso não é opinião minha). Redução do desemprego, aumento da taxa de fertilidade (os alemães tem um problema sério de envelhecimento populacional), redução da violência, pois as mulheres teriam mais tempo de educar os filhos. E por ai vai.

Para corroborar as suas idéias, Die Frau Schröder, fez uma pesquisa entre as famílias muçulmanas que moram na Alemanha (A taxa de fertilidade das alemãs muçulmanas é mais alta que das não muçulmanas. O número de muçulmanas que trabalham fora é mais baixo). Foi nessa parte que entrou em ação uma personagem que você deve conhecer, Alice Schwarzer. Protagonizaram discussões violentíssimas, pois Die Frau Schwartzer não tem a menor simpatia pela vestimenta islâmica usada pelas mulheres e pelo modelo feminino islâmico. O pau quebrou.

Hoje tem-se no governo brasileiro uma ministra que defendem idéias que vocês apoiam. Neste sentido a ideia da ministra de usar o rolo compressor do governo para esmagar uma ideia contrária é amplamente apoiadas por vocês. Neste sentido a pressão do ministério sobre o CONAR é uma crítica justa pois é um método para sobreporem sobre os seus adversários. Mas agora imagine que os conservadores ganhem as eleições no Brasil em 2014 e nomeie para ministra alguém do perfil da Schröder (não me lembro do primeiro nome dela) e a "Hope" decida vender ternos (a roupa) para mulheres que trabalham fora. Hora! Provavelmente a senhora Schröder brasileira vai ficar furiosa. Pois na opinião dela as mulheres tem que ficarem em casa e aciona o CONAR para tirar do ar a propaganda. O que você faria?

Mari Lee disse...

Oi, Luiz. Obrigada pelo comentário.

Eu também sou a favor da liberdade de opinião e defendo a publicação de Mein Kampf.
Também acharia um absurdo censurar Shakespeare, como acho um absurdo a censura recente a Monteiro Lobato, nas escolas, por racismo.

Todas essas obras têm importância histórica e devem ser entendidas no seu contexto.

Mas um livro, um filme ou outra forma de expressão é muito diferente de um comercial de tevê.
E nem é um comercial de tevê irônico ou criativo. Esses comerciais da Hope são extremamente explícitos em colocar a mulher brasileira como uma idiota que só consegue alguma coisa agindo como objeto sexual. Pior ainda: afirma que isto é o "certo", agir de outro modo é "errado".
E isso sem levar em conta as milhões de mulheres que sofrem violência doméstica. Parece exagero, mas pensa: o que acontece, então, quando essa mulher que bateu o carro do marido conta a notícia "do jeito errado"? Ela apanha?
Acontece com muita gente.

O comercial é de extremo mau gosto.
Existem milhões de outros comerciais machistas e de mau gosto, mas esse consegue extrapolar.
Um comercial de cerveja é horrível, mas não necessariamente diz que toda brasileira é assim e ainda diz pra quem está assistindo "aja dessa maneira que esse é o certo".

E é fácil falar "não gostou, desliga a tevê e não compra o produto". A propaganda me incomoda, eu me sinto agredida, e não tenho o direito de reclamar??

Ninguém está tentando impor a todas as mulheres que trabalhem fora e sustentem seus maridos. E ninuém está tentando impedir a venda de calcinhas.
O problema não é a Hope vender calcinha, ou a empresa XYZ vender aventais ou sei lá o que poderia ser associado a uma mulher dona de casa. O problema é o desrespeito.

E eu acho, sim, que comerciais com mensagem machista, racista, homofóbica etc. não devem circular.


"Usar o rolo compressor do governo" é uma expressão forte, não?
A ministra não censurou nada. A Secretaria emitiu uma nota de repúdio aos comerciais e um pedido ao CONAR (que não é do governo) para que eles fossem retirados. Que segundo o CONAR foi anexado a outros 14 pedidos semelhantes.
Não houve censura, violência, ameaças, propina... A ministra só está tentando fazer o trabalho dela, que é defender as mulheres.


Há alguns meses, uma propaganda de Havaianas foi retirada do ar.
(resumindo) Ela mostrava uma avó dizendo para a neta que tudo bem fazer sexo sem compromisso. Teve gente que achou um escândalo e pediu para retirar. Foi retirada.
Não vi toda essa defesa da liberdade de expressão. Ou seja: a sociedade tem dois pesos e duas medidas em relação a como a mulher pode ser retratada.

Me desagradou a "censura" à propaganda das Havaianas. Além de concordar que tudo bem fazer sexo sem compromisso, achei a propaganda criativa, e ela questionava estereótipos, com a avó nada "antiquada".
Mas não posso exigir que todo mundo concorde comigo. Se teve gente que se incomodou e acha um absurdo um comercial dizer isso, fazer o quê?
"É só não comprar Havaianas"?

Luiz disse...

Olá, Mari Lee.

Estou transformando o seu blog em um fórum de discussão. Mas vamos lá.

Não discuto o fato de algumas mulheres como você, não gostarem do comercial de lingerie no qual Gisele Bundchen vende a sensualidade como arma da mulher na relação com o homem, quando ela busca determinado objetivo. É legítima sua indignação.

Cada um sabe onde o calo aperta, então não vou fazer juízo de valor. Eu particularmente detesto ouvir os discursos atacando judeus, mas se o que os neonazistas dizem é uma montanha de mentiras, paciência. Temos de conviver com isso enquanto suas ações se resumirem ao mundo das palavras. Sou contra todo e qualquer crime de opinião. Ou amanhã alguém poderá tentar nos censurar nossas opiniões sob o pretexto de que o que dizemos também são mentiras. Acho que esse é o preço de se viver numa democracia plena. Na minha escala de valores a liberdade de expressão e o seu consequente imediato, o estado democrático de direito, estão em primeiro lugar.

Mas acho que tem um detalhe que é insuportável: a intromissão indevida do governo, com a pressão aberta sobre a fabricante da lingerie para tirar a propaganda do ar.

Como disse anteriormente acho que não haveria nada de errado em as mulheres insatisfeitas com o conteúdo das peças publicitárias proporem, sei lá, um boicote a marca. Eu acharia uma bobagem, mas essas mulheres estariam no pleno exercício da cidadania. Você pode, por exemplo achar bobagem as reclamações de um judeu.

Diferente é ter um Ministério da Mulher que se reserva o poder de dizer o que pode e o que não pode ser dito sobre o “assunto mulher”. E neste aspecto, acho que a palavra rolo compressor é adequada. Em geral o Estado pode muito. A ele é facultado, por exemplo, a exclusividade do uso da força. Por isso acho que o Estado tem o dever de por na cadeia todos que agredirem fisicamente uma mulher ou um judeu. O crime deve se resumir ao mundo das ações concretas, nunca o estado deve reprimir algo no campo das ideias e opiniões. Mesmo aquelas opiniões que julgamos erradas.

A ministra tem todo o direito de tentar implementar as politicas para as mulheres que ela julga adequada. Se ela julga o comercial ofensivo, sei lá, faz um contra comercial para ser divulgado simultaneamente na TV para propor um contraponto (O governo é o maior anunciante publicitário no Brasil. Dinheiro para isso não falta).

Não sei se um comercial de TV não tem um caráter artístico. Comercias do Olivetto são verdadeiros clássicos e um historiador se quiserem entender a nossa sociedade atual terá sim que olhar para a nossa propaganda comercial. Da mesma forma, a pessoa que escreve um livro quer vender uma ideia. Um filme vende uma ideia.

Luiz disse...

Eu vi o Ministério das Mulheres alemão lançar campanhas públicas na TV aconselhando as mulheres a ficarem em casa e terem filhos. O movimento feminista de lá comprou um espaço na TV para divulgar a opinião contrária. As idéias tem que brigarem livremente. Quem vence um discurso calando o opositor impondo lhe o silêncio, não tem muitos argumentos. Confesso que tem momentos que tenho vontade de me livrar do Armadinejad mas acredito que mundo não se tornará menos hostil para nós judeus com a morte dele. Prefiro ouvir tudo que ele diz e criar mecanismos para rebate-lo (Espero que o MOSSAD tenham alguns espiões vigiando seus passos). O caminho para acabar com o anti-semitismo é mais duro e penoso e não vai ser colocando as pessoas que tem discurso hostil aos judeus dentro de uma camisa de força que vamos ficar mais seguros.

Certa vez perguntei a um amigo meu de esquerda (Ele participou da luta armada) qual foi o grande culpado pelo golpe de 1964. Ele me disse algo com uma sinceridade cortante. Ausência de democratas no Brasil, na opinião dele. No ano do golpe tanto a esquerda quanto a direita não aceitavam o regime democrático. Ambos queriam impor a sua ditadura particular.

Acho que isso persiste até hoje. O comercial da Havaianas é um exemplo dessa nossa censura atual. Provavelmente 15 pessoas não gostaram do comercial e tiraram ele do ar. Isso mostra a nossa intolerância com as idéias que discordamos. A nossa vocação para a censura das idéias. O problema é que qualquer coisa que você disser vai ter 15 pessoas que não vão gostar. Percebe o tamanho da encrenca? Nelson Rodrigues tem textos bem machistas, mas acho que não deve ser censurado.

Recentemente uma exposição do artista Gil Vicente intitulada "Inimigos" foi censurado e a impediram de ser exposta no Brasil em espaços públicos. Qual a razão? O artista pintou quadros onde ele pegava um revólver e dava tiros na cabeça de algumas personalidades. Vai ai o link.

http://www.gilvicente.com.br/inimigos/inimigos.html

Isso incita a violência? Talvez. Mas até o momento o único crime que vejo é a censura que lhe impuseram. Como dizia Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas, por meio do personagem Riobaldo, "viver é perigoso, seu moço!"

Mari Lee disse...

Concordo que comerciais podem ter valor artístico.
Mas sua circulação, seu público e seus objetivos são diversos.

Não "pode tudo" na propaganda.
Comerciais de cigarro não são mais veiculados. Não porque as propagandas são ruins, mas por causa do produto.
(Quando criança, lembro de um comercial de Derby com uma musiquinha sobre o Brasil de que gostava muito.)

Comerciais de bebidas alcoólicas também têm circulação restrita. Concordo com isso, mesmo gostando das campanhas de Johnny Walker, por exemplo.

Tem uma propaganda de carro de que gosto bastante, uma em que a protagonista se impressiona com um homem bonito e fica dizendo "uau", depois faz uma manobra com o carro e é a vez dele dizer "uau".
É simples, mas acho bem-feita e divertidinha... além disso, o cara é bonito (rs), e a garota o impressiona na direção (contrariando o mito de que mulher não sabe dirigir).
Mas também acho que o comercial estimula o público a fazer manobras perigosas ao volante para impressionar, e que isto não é correto. Não acho que o comercial deveria circular.

Não defendo a proibição de comerciais que mostram donas-de-casa ou mulheres sensuais em trajes sumários, por si só.
Mas defendo a proibição de comerciais anti-éticos.
É preciso impôr limites à propaganda, sim. E esperar que as agências de publicidade e as empresas, por si só, tenham ética ao criar suas campanhas é tão ingênuo quanto confiar em uma auto-limitação dos banqueiros e corretores de Wall Street.

Controle não é o mesmo que censura.
E desrespeito não é liberdade de expressão.


Sim, uma empresa, uma ONG ou um governo tem direito de defender um ponto de vista, mesmo que diferente do meu.
Me contorci na cadeira quando vi o comercial "Sou Agro", "xinguei muito no twitter", mas não pediria para que ele fosse retirado.
Não concordar / não gostar é uma coisa. Ofender é outra coisa.

Não sou judia, mas seria totalmente contra uma campanha publicitária que ofendesse judeus, assim como sou heterossexual e combato a homofobia. Assim como critiquei a Caixa pela propaganda com Machado de Assis branco e comemorei quando ela foi retirada (neste caso, pela própria Caixa, que mostrou muito mais ética que a Hope).
Não considero a luta de outra pessoa uma bobagem só porque não me diz respeito. Tenho uma coisa chamada empatia, sabe?

Mari Lee disse...

Só achei necessário acrescentar...

Meu repúdio a manifestações anti-semitas não é apenas hipotético, ok?

Tivemos um exemplo recente, na piada de mau gosto de Danilo Gentili sobre os moradores de Higienópolis.
Apesar de discordar dos moradores em questão, que não queriam uma estação de metrô no bairro, jamais apoiaria o que Gentili disse.

Por pressão social e da mídia, o "comediante" pediu desculpas formais à comunidade judaica.

Enquanto isso, o próprio Gentili, seus ex-colegas no programa CQC e, particularmente, Rafinha Bastos faziam e continuam fazendo "piadas" misógenas.
Rafinha Bastos chegou a dizer e repetir que "mulher feia deveria agradecer por ser estuprada" e "homem que estupra mulher feia merece um abraço".
Não é apenas desrespeitoso às mulheres (e extremamente desrespeitoso com vítimas de estupro, e eu não preciso ter sido estuprada para me solidarizar com elas), mas é uma apologia ao crime. E muita gente não vê nada demais!

Por que ofender judeus seria mais chocante que ofender mulheres?
Por que fazer piada com um crime horrendo que aconteceu há mais de meio século seria pior que fazer piada com um crime horrendo que ocorre diariamente em nossa sociedade?

Ambas as situações me chocam, e não deveriam ser consideradas "normais".

Mari Lee disse...

[atualização]

O Conselho de Ética do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) decidiu, nesta quinta-feira,13, em primeira instância, recomendar o arquivamento da representação que pedia a suspensão do anúncio "Gisele Bündchen - Hope Ensina".

A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres avaliou hoje que o fato do Conar ter levado a representação a julgamento em seu Conselho de Ética já representou um importante avanço. “O Conselho de Ética do Conar opera com o princípio da admissibilidade. Assim, ao levar a representação a julgamento admitiu a importância do debate”, avaliou a Secretaria. A Secretaria informa também que acata a decisão do Conar e que não vai recorrer.

(fonte: http://mariadapenhaneles.blogspot.com/2011/10/spm-ve-avanco-em-acao-do-conar-e.html)

"Rolo compressor" e tanto, hein?