sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ilusão ou realidade?

Muita gente ri da "teoria da conspiração" de uma imprensa golpista brasileira, dizendo que é alucinação de esquerdistas que querem "censurar" críticas ao governo.

Internautas utilizam o termo "PIG", de "Partido da Imprensa Golpista", para referir-se a meios de comunicação que deixam sua suposta função de informar o público em segundo plano para propagar uma ideologia conservadora e de extrema direita, ainda que para isso distorça ou fraude informações.
Segundo a Wikipedia, o termo PIG foi popularizado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa Afiada. Amorim escreve o termo com um i minúsculo, em alusão ao portal iG, do qual foi demitido 2008, no que descreve como um processo de "limpeza ideológica".

Teorias da conspiração à parte, vale a pena dar uma olhada no que alguns dos veículos de maior circulação ou audiência estão divulgando.
Não tenho como não concordar com Amorim, quando ele afima que esses veículos, "com o discurso de jornalismo objetivo, fazem o trabalho não de imprensa que omite; mas que mente, deforma e frauda".

No início do mês, repercutiu a notícia da demissão da psicanalista Maria Rita Kehl, após ela publicar um artigo no qual refuta algumas denúncias infundadas que vêm sendo propagadas na internet.
E a oposição insiste em acusar Dilma e Lula de querer censurar a imprensa.
A imprensa já faz isso sozinha!

Dia 19 de outubro a Folha, um dos jornais de maior circulação no país, publicou na primeira página a manhete "Estatais bancam revista pró-PT". Na reportagem, o jornal "denuncia" que a edição deste mês da Revista do Brasil, vinculada à CUT, "teve anúncios pagos por Petrobras e Banco do Brasil".
Como se anunciar em uma revista fosse crime! Por acaso o BB e a Petrobras não anunciam também em imprensa pró-Serra, como a Veja e a própria Folha? Quero ver a manchete "Estatais bancam revista pró-PSDB" com o mesmo destaque!

Quanto será que gastou o governo de José Serra com propaganda, publicada em jornais e revistas, transmitida pela televisão, e espalhada pelas ruas?
Resposta: R$ 311 milhões, só no ano de 2009. O governo de Serra gastou mais com propaganda do que com programas sociais! São Paulo é o estado brasileiro que mais gasta com propaganda oficial, e esses gastos cresceram quase 700% desde que Serra assumiu o governo.
Só com propaganda da CPTM: os recursos gastos com propaganda saltaram de R$ 15 mil, em 2006, para R$ 48 milhões, em 2009. Cerca de 310 mil por cento a mais. E quanto foi gasto com a compra de novos trens? Em 2009, não passaram de R$ 19 milhões.

A mesma Folha publicou, na primeira página da edição de 5 de abril, uma ficha falsa de Dilma, que, segundo afirmaram mais tarde, havia sido recebida por e-mail e foi publicada como sendo do arquivo do Dops. Seis meses depois, a mesma ficha falsa pode ser vista colada em postes na periferia de São Paulo.

Esse mesmo ilustríssimo jornal está conduzindo uma ação judicial para obter acesso à íntegra do processo contra Dilma durante a ditadura.
Em editorial, a Folha defendeu seu interesse com as seguintes palavras:
"É da essência republicana que a biografia de um candidato se exponha ao exame até mesmo impiedoso da opinião pública. Trata-se, afinal, de alguém que pretende assumir o comando do país."
Concordo totalmente. A Folha tem que publicar, então, os autos do processo que Serra moveu contra Flávio Bierrenbach, seu então colega de partido.

Em 1988, José Serra foi acusado por Bierrenbach de ter entrado pobre e saído rico do governo Montoro, onde foi secretário de Estado. Serra iniciou um processo contra Bierrenbach por calúnia, injúria e difamação.
Bierrenbach solicitou ao juiz da 2a Zona Eleitoral, então o Dr.Wálter Maierovitch, o que se chama exceção da verdade, ou seja, o direito de provar que não é calunioso ou difamante (ou seja, que é verdade) o que havia sido afirmado.
O juiz atendeu e, então, Serra tentou reduzir o processo ao de injúria, que juridicamente não comporta a comprovação de ser verdadeiro o que se afirmou.

Outro exemplo de mídia que deforma os fatos ao invés de informar é a Rede Globo de televisão.
A manipulação descarada das eleições de 1989 já entrou para a História. Vamos pegar um fato mais recente.
arma branca: bolinha de papel

Quem não ouviu falar da perigosíssima bolinha de papel na cabeça, que levou o Serra a fazer uma tomografia?

Quem viu o incidente no Jornal Nacional (ou melhor, viu a versão Globo dos fatos, já que o momento em que o objeto atinge o candidato não foi exibido) deve ter ficado preocupado com a saúde de Serra e com a violência dos militantes do PT!


E quando a Globo e a Record mostraram a mesma visita de Serra à Zona Leste de São Paulo com duas histórias completamente diferentes?



(não estou dizendo que a Record é melhor ou pior do que a Globo. Sinceramente, não assisto nenhuma das duas)


Claro que esse negócio de não apenas tomar partido na disputa eleitoral mas manipular a opinião pública com distorções e mentiras não é de agora.
Talvez esteja ficando mais difícil de esconder.
Espero que isto signifique que essa situação se reverta em um futuro próximo, e fica aqui minha pequena contribuição para que isto aconteça.

Serra Veja Folha Estado

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